Lisboa, 27 de dez de 2018 às 20:04
Após a ampla difusão na mídia e nas redes sociais de que em um recente artigo sobre o Natal, publicado no diário português O Observador, o bispo do Porto, Dom Manuel Linda teria supostamente negado o dogma da Virgindade Perpétua de Maria, o prelado decidiu esclarecer publicamente que “crê na “virgindade física e plena" de Nossa Senhora, e que a frase “nunca devemos referir a virgindade física da Virgem Maria”, atribuída ao bispo e que desencadeou a polêmica, está incompleta no artigo.
O referido artigo do Observador foi publicado no dia 24/12 com o título “Respostas às questões difíceis sobre o Natal (mesmo as mais inconvenientes)” e contou com a colaboração do bispo do Porto, Dom Manuel Linda e do sacerdote Anselmo Borges, catedrático da Universidade de Coimbra e que já foi criticado por fiéis católicos por afirmações à TSF Rádio Notícias em que o próprio nega as aparições de Fátima, aprovadas oficialmente pela Igreja e que não via sentido na canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, pois, na opinião do sacerdote, todas as crianças são santas, o que também contraria a doutrina católica que encaminha à confissão sacramental todo fiel, mesmo os infantes, que tenha consciência de ter cometido pecados graves.
A primeira versão do texto publicado pelo O Observador na véspera do Natal, atribuía tanto a Dom Linda como ao Padre Borges a frase: “Jesus não é filho de uma mulher virgem”. Ainda segundo esta primeira versão do texto, tanto o bispo do Porto como o polêmico sacerdote português, teriam concordado com a afirmação de que Jesus “foi concebido por Maria e José como qualquer outra pessoa e é “verdadeiramente homem”. A virgindade só é associada a Maria como metáfora para provar que Jesus era uma pessoa muito especial”.
Após as repercussões negativas e críticas a Dom Manuel Linda, o jornal português corrigiu-se, pediu desculpas aos leitores e esclareceu que esta posição deve ser atribuída apenas ao Pe. Anselmo Borges, conforme o esclarecimento publicado pelo diário português nesta quinta-feira, 27, após novo contato telefônico com o bispo do Porto e o referido sacerdote:
“A polémica partiu de um artigo do Observador publicado no último domingo, onde o bispo do Porto, D. Manuel Linda, aparecia referido como negando a virgindade de Maria e afirmando a concepção natural de Jesus, com Maria e José sendo ambos seus pais biológicos. Numa versão atualizada do texto, essa referência aparece já corretamente associada apenas ao padre Anselmo Borges — que num segundo contato com o Observador confirmou o que disse –, também ouvido para a elaboração do artigo, pedindo o Observador desculpas pelo equívoco”.
Ainda segundo o esclarecimento publicado nesta quinta-feira, o diário afirma: “Num novo contacto com o Observador após a polémica, o bispo do Porto mostrou-se “triste com a interpretação” do seu pensamento relativamente à virgindade de Maria, um dos dogmas centrais da fé católica, e disse acreditar na “virgindade física e plena” da mãe de Jesus Cristo.
“Também a frase “nunca devemos referir a virgindade física da Virgem Maria”, atribuída ao bispo do Porto, está incompleta no artigo. Esta quarta-feira, D. Manuel Linda esclareceu que pretendeu sublinhar que a virgindade de Maria não tem apenas uma dimensão física — embora essa não possa ser excluída —, mas também um aspecto teológico”, diz ainda o artigo do O Observador.
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Dom Manuel afirmou esclareceu ao Observador: “O que eu quis dizer é que, além deste dado meramente biológico, esta menina, Maria, é uma mulher toda dada a Deus, que põe o seu olhar, a sua existência, em Deus. É aquela que em aspeto nenhum é manchada por algo de mais impuro”. “Por isso, a virgindade não é só física, mas ninguém exclui a virgindade física”, acrescentou o bispo.
“No que toca à concepção de Jesus Cristo, o bispo, que se diz um devoto de Maria desde criança, explica que acredita naquilo que a doutrina da Igreja sempre ensinou: na concepção “por obra e graça do Espírito Santo”. Ou seja, sem que tenha havido relações sexuais entre Maria e José”, publica o Observador no seu esclarecimento.
Já na homilia da missa da Solenidade do Natal do Senhor, que se encontra publicada no site da Diocese do Porto, o bispo havia afirmado a sua fé no dogma da Virgindade Perpétua tal qual exposto pela Doutrina da Igreja, ao dizer aos presentes: “Evidentemente, não haveria Natal sem a Virgem Santa Maria, Aquela que, de acordo com a fé da Igreja -que é também a minha fé!-, é proclamada “virgem antes, durante e depois do parto”, de maneira expressa a partir do Sínodo de Milão (ano 390), ou “Mater intacta”, como dizemos na ladainha. Saudamo-la e agradecemos-lhe profundamente o seu insubstituível contributo para a história da nossa salvação".
O artigo do Observador esclarecendo a posição do prelado, conclui afirmando: “a ideia da virgindade perpétua de Maria vai além da dimensão física e da ausência de relações sexuais para a concepção de Cristo. É também, como explicou D. Manuel Linda ao Observador, “a devoção plena dessa mulher a Deus”.
Confira:
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— ACI Digital (@acidigital) 20 de dezembro de 2018